Uma equipa de investigadores chineses anunciou um desenvolvimento significativo nas baterias para veículos eléctricos, destacando os avanços em termos de velocidade, sustentabilidade e estatísticas de recuperação impressionantes.
Trabalhando a partir da South Central University, da Guizhou Normal University e do National Advanced Energy Storage Materials Engineering Research Center, a equipa afirma ter descoberto uma nova forma de reciclar baterias de iões de lítio que recupera quase todo o metal valioso - sem depender de ácidos agressivos ou de calor elevado.
O segredo? Um cocktail líquido inteligente feito de ferro, sal, oxalato de sódio e glicina (um aminoácido que também pode ser encontrado em suplementos alimentares). Quando esta mistura ecológica atinge os materiais das pilhas usadas, decompõe-nos rapidamente, recuperando 99,99% de lítio em menos de 15 minutos. Também extrai 96,8% de níquel, 92,35% de cobalto e 90,59% de manganês. Para contextualizar, a maioria dos métodos tradicionais tem dificuldade em recuperar até 80% de lítio.
O problema dos métodos mais antigos, como a hidrometalurgia? Dependem de ácidos fortes - sulfúrico, clorídrico, nítrico - e apresentam riscos como resíduos tóxicos, fugas e danos ambientais. Não é exatamente uma vitória para a transição ecológica.
Mas este novo método baseado na glicina inverte o guião. É neutro em termos de pH, mais seguro de manusear e deixa para trás glicina que pode ser reutilizada como fertilizante. A circularidade em ação.
E o processo também funciona à temperatura ambiente, reduzindo o consumo de energia. Compare-se com o método "Flash Joule Heating" da Universidade de Rice, que também apresenta elevadas taxas de recuperação - mas que necessita de uns escaldantes 3.000°C para lá chegar.
Porque é que isto é importante: A procura de lítio está a aumentar e o boom global de veículos eléctricos não está a abrandar. Mas a extração de lítio é suja, dispendiosa e geopoliticamente complicada. A criação de uma fonte secundária através da reciclagem poderia ser um grande desbloqueio - cortando custos, reduzindo as emissões e aliviando a pressão sobre as cadeias de abastecimento críticas.
Atualmente, esta descoberta ainda está no laboratório. Mas, se puder ser alargado à indústria, poderá mudar a forma como o mundo recicla as baterias - e impulsionar o próximo capítulo da mobilidade limpa.