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Até 2027, os custos de fabrico dos veículos eléctricos serão inferiores aos dos veículos a gasolina

O fabrico de veículos eléctricos continua a ter custos elevados com baterias e mão de obra, mas os novos avanços nas baterias de estado sólido, na automatização e nas estratégias da cadeia de abastecimento visam reduzir as despesas. Os analistas prevêem que os veículos eléctricos poderão ser mais baratos de produzir do que os automóveis a gasolina até 2027, se as actuais tendências de inovação se mantiverem.

O mercado dos veículos eléctricos (VE) está prestes a sofrer uma transformação significativa, mas enfrenta obstáculos consideráveis relacionados com os custos de fabrico que podem impedir uma adoção mais generalizada. À medida que a indústria adopta rapidamente soluções eléctricas, a redução destas despesas operacionais é cada vez mais importante. Este debate analisa as medidas estratégicas para reduzir os custos de fabrico dos VE, orientando assim a indústria para um futuro sustentável.

Compreender os desafios actuais no fabrico de veículos eléctricos

Os custos de fabrico dos veículos eléctricos decorrem essencialmente de várias áreas críticas. Nomeadamente, a produção de baterias constitui 40% a 50% das despesas globais de fabrico de um VE. A volatilidade dos preços das matérias-primas essenciais, como o lítio, o níquel e o cobalto, continua a ser um fator significativo que afecta estes custos. Embora estes preços tenham diminuído recentemente devido a uma redução da procura e a um aumento da oferta, alcançar a paridade de custos com os veículos tradicionais com motor de combustão interna (ICE) continua a ser um desafio assustador.

Os custos laborais também estão a subir, com projecções que indicam aumentos de 25% a 30% nos próximos anos devido a negociações sindicais. Esta escalada obriga os fabricantes a procurar práticas laborais mais eficientes ou a adotar estratégias de automatização para atenuar o aumento das despesas. Além disso, a indústria está a debater-se com a complexidade da cadeia de abastecimento. A forte dependência de fornecedores estrangeiros, nomeadamente da China, revelou vulnerabilidades. Como resposta, os fabricantes estão a diversificar as suas cadeias de abastecimento, embora esta mudança possa acarretar custos mais elevados, especialmente quando não existem alternativas adequadas prontamente disponíveis.

Como pode reduzir os custos de fabrico?

Uma das principais estratégias é a adoção de princípios de produção optimizada. Esta metodologia incentiva a eliminação de desperdícios em todos os processos de produção, aumentando a produtividade e o controlo de qualidade. A implementação do fabrico just-in-time, em que os componentes são produzidos ou adquiridos conforme necessário, pode reduzir significativamente os custos de inventário, aumentando assim a eficiência global.

Os avanços pioneiros na tecnologia das baterias são essenciais para a redução de custos a longo prazo. As técnicas emergentes de produção de baterias, como as baterias de estado sólido, prometem reduzir os custos dos materiais e, ao mesmo tempo, melhorar o desempenho. Empresas como a Nissan estão a procurar proactivamente produzir estas baterias da próxima geração até 2029, colaborando com grandes máquinas de fundição para aumentar a eficiência do fabrico e reduzir os custos em 10%. 

A automação e a robótica também estão na vanguarda da gestão dos custos da mão de obra. A integração da robótica nas linhas de produção pode aumentar a precisão e a produtividade, diminuindo a dependência da mão de obra. Técnicas como a gigacasting - em que grandes secções de veículos são fabricadas de uma só vez - podem simplificar significativamente a montagem e melhorar a eficiência operacional.

Além disso, a integração vertical é outra abordagem poderosa. Ao controlar várias fases da cadeia de abastecimento, desde as matérias-primas até à produção de baterias, os fabricantes podem reduzir significativamente a dependência de fornecedores externos, ajudando a estabilizar os custos. Por exemplo, a Tesla utilizou eficazmente esta estratégia para otimizar a produção e minimizar a variabilidade dos preços.

As tecnologias digitais, incluindo a IA e a Internet das Coisas (IoT), também podem reforçar a eficiência operacional. Estes sistemas facilitam a manutenção preditiva e a análise em tempo real, permitindo aos fabricantes gerir as linhas de produção de forma proactiva, reduzindo assim o tempo de inatividade e os custos imprevistos. A análise de dados melhorada pode revelar ineficiências nas cadeias de abastecimento, abrindo caminho a mais oportunidades de redução de custos.

Perspectivas futuras

Olhando para o futuro, existe um otimismo em torno da redução dos custos de fabrico dos VE, reforçado pelos avanços tecnológicos previstos. Os analistas prevêem que, até 2027, os custos de fabrico dos veículos eléctricos a bateria poderão ser inferiores aos dos veículos convencionais, desde que os fabricantes de automóveis prossigam a sua atual trajetória de inovação nas técnicas de produção e nos materiais.

À medida que o sector enfrenta estes desafios iniciais, o esforço para melhorar a eficiência e reduzir os custos não é simplesmente uma necessidade, mas sim um caminho essencial para um futuro de mobilidade sustentável. Aproveitando os avanços tecnológicos, optimizando as cadeias de abastecimento e adoptando processos de fabrico inovadores, o sector dos VE pode posicionar-se de forma competitiva no panorama automóvel mais vasto.

Os compradores de automóveis - depois dos poucos primeiros adoptantes motivados pelo ambiente - são muito conscientes dos preços. Os veículos eléctricos precisam de competir, ou as pessoas simplesmente não os comprarão.

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10 Jun, 2025